A Rosa de Hiroshima de Vinícius de Moraes

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O poema Rosa de Hiroshima, de Vincius de Moraes foi composto pelo poeta em 1954 e posteriormente musicado e lançado como faixa do primeiro disco da banda Secos & Molhados, ficando logo famosa em 1973, mesmo ano de lançamento do disco da banda. Assim, o poema pode ser popularizado através da rádio e do disco a partir da música da banda, tornando-se logo muito popular devido a sua importância ao fazer referência a um momento histórico da segunda guerra mundial: o bombardeio de Hiroshima e Nagasaki.

A Rosa de Hiroshima apresentada como uma metáfora à nuvem de fumaça reconhecida como a imagem pós-explosão de uma bomba nuclear, o que ocorreu em 1945 quando os Estados Unidos bombardearam ao final da segunda guerra duas cidades japonesas, Hiroshima e Nagasaki, deixando mais de 250 mil pessoas mortas, além de uma destruição natural e sequelas percebidas até hoje na população por conta da exposição à radioatividade.

Com a interpretação de Ney Matrogrosso, Rosa de Hiroshima alcançou as paradas de sucesso no mesmo ano de seu lançamento. O poema foi musicado pelo músico e compositor Gerson Conrad, que compunha a banda Secos e Molhados junto com Ney Matogrosso e João Ricardo.  A música Rosa de Hiroshima é como uma grande obra da música popular brasileira, e sua qualidade política e poética tem um grande diferencial que justifica a importância de sua mensagem.

ney matogrosso rosa de hiroshima

Significado de A Rosa de Hiroshima

Ao retratar a imagem da nuvem de fumaça e calor da bomba através da metáfora de uma flor, Vinícius de Moraes busca trazer para o imaginário mais próximo a imagem de destruição, terror e violência que foi o lançamento da bomba, mas o faz de maneira sutil, ao referir-se a toda essa destruição através da imagem de uma flor. A rosa de Hiroshima é sem perfume, sem cor, sem nada, uma vez que nada sobrou do que era Hiroshima antes da explosão, e todas as imagens inocentes a que o poeta faz referência, como as mulheres, as crianças, as meninas também se vão nesta imagem que na verdade é como no próprio poema explica, uma ‘antirrosa’. Assim, o poeta deseja fixar através do poema um vínculo de memória com a devastação ocorrida, para que ela não seja esquecida, que seja lembrada e relembrada sempre, para que não se repita.

História do poema Rosa de Hiroshima

Para uma boa análise musical é necessário antes de tudo uma interpretação do poema Rosa de Hiroshima. Por partes, além da metáfora da flor com a explosão da bomba, o contraste dessa imagem busca justamente ressaltar a desgraça, a destruição e as feridas que a bomba trouxe para a história da humanidade.  Ao final da segunda guerra, apesar da mesma já está sendo dada como terminada, os Estados Unidos, com a intenção de demonstrar poder ao mundo e, particularmente à URSS comunista, lança as duas bombas demonstrando seu potencial tecnológico de destruição, levando a centenas de milhares de pessoas a números e cidades inteiras a serem devastadas não só pela explosão, mas também pela onda de calor e radiação que percorreu centenas de milhares de quilômetros, destruindo a tudo e a todos.

Rosa de Hiroshima ano de lançamento difere quanto a música o poema. A música veio anos depois e foi creditada a Gerson, ainda que Ney Matogrosso tenha lançado ao vivo sua interpretação no ano de 1974. Apesar da distância, a música aparece ainda como citação de fonte histórica importante em escolas, pois retrata a uma interpretação brasileira ao que foi um evento internacional tão marcante para toda a humanidade.

Existem diferentes versões de rosa de Hiroshima, outras releituras da música foram feitas por bandas também brasileiras, como Salário Mínimo e Raices de América, também foi reinterpretada pelo cantor Arnaldo Antunes, que a regravou para o disco Assim Assado, um tributo ao Secos & Molhados em comemoração aos trinta anos da banda, em 2003.