O poema Autopsicografia, de Fernando Pessoa está entre as grandes e simples obras do poeta português. Apesar de suas obras já possuírem muitas um século de idade, sua contemporaneidade é perceptível uma vez que seus temas são questões presentes no imaginário individual de cada um, mas principalmente para aqueles que cumprem o ofício de ser poeta.
O poema de Fernando Pessoa intitulado Autopsicografia foi publicado em 1932 através do heterônimo de Álvaro de Campos. O poema trata brevemente sobre o fazer poético, enquanto o autor destrincha a si mesmo, ao seu próprio psicológico, para demonstrar liricamente a lógica por detrás do pensamento poético.
A frase de Fernando Pessoa “Tenho em mim todos os sonhos do mundo”, é talvez a mais famosa e pertence ao seu poema Tabacaria, que foi escrito em 1928 também sob o pseudônimo de Álvaro de Campos. Outras frases de poemas do autor são trechos de outros poemas maiores, como “Navegar não é preciso”. Para saber mais sobre o poema Autopsicografia, é importante conhecer o autor, a sua relação com os heterônimos e a própria origem da palavra autopsicografia.
Quem foi Fernando Pessoa?
Nascido em Lisboa em 1888, famoso por ser poeta, Fernando Pessoa foi também ensaísta, dramaturgo, publicitário, tradutor, astrólogo, crítico literário e inventor. O português teve grande contato com a língua inglesa devido aos seus estudos e seus primeiro escritos estão neste idioma, apesar de suas obras mais conhecidas serem em português. O autor escreveu através de pseudônimos que possuíam identidades, não se tratando apenas de nomes com os quais assinava poemas, mas de personalidades diferentes e inteiras que possuíam estilos diferentes.
Análise do poema Autopsicografia
Antes mesmo de se começar a análise do poema, é importante saber o que é uma autopsicografia. A autopsicografia não está associada ao dicionário, mas ao ser compreendida como a junção do prefixo auto com a palavra psicografia pode-se entende-la como a maneira pela qual uma pessoa faz uma análise psicológica de si mesma. Saber o que significa autopsicografia é então saber que o poeta, não apenas neste poema, fala de si através de suas poesias, fala sobre seu ofício, sua visão e como sua compreensão do mundo se mistura com o seu ser poeta.
A interpretação do poema Autopsicografia demanda então um conhecimento não só apenas de palavras, mas também da própria vida do autor. Ao se referir a si mesmo como um fingidor, o poeta busca simplificar a visão das pessoas quanto ao seu próprio trabalho, referindo-se a ele como um ato de fingir, de engar com a razão o comboio de cordas que é o coração.
A Autopsicografia de Fernando Pessoa é então um relato sincero sobre sua forma de escrever, de produzir poemas, um metapoema por si só. Apesar do uso do heterônimo, o poeta fala de si mesmo, sobre seu agir e escrever poético. Assim, busca mostrar aos que o leem como, apesar de todo o fingimento e de toda divisão que existe entre seus eu-líricos, seu trabalho de poeta é penoso, pois faz ser importante o a incorporação de um sentimento ou de uma perspectiva de fora pra dentro.
Com relação a estruturas, a métrica do poema Autopsicografia segue com três estrofes de quatro versos, a primeira focada na fruição do autor, a segunda no leitor e a terceira como conclusão. Cada um dos versos dessas quadras, ou estrofes, é heptassílabo e possui uma regularidade na rima seguindo uma combinação ABAB, apesar de não ser essa sonoridade a principal preocupação do autor. Em redondilha maior, o esquema de rimas cruzadas simplifica a leitura e dá ritmo ao poema.